No total, 50 pessoas morreram em decorrência das chuvas que atingiram o litoral norte; São Sebastião é a cidade mais afetada
A tragédia causada pelas fortes chuvas que destruíram o litoral norte de São Paulo não afetou somente os moradores da região. Os animais também foram diretamente afetados pelo desastre. Em meio ao cenário de destruição, uma equipe de voluntários atua no resgate desses animais – grande parte perdeu seus tutores na tragédia. O Grupo de Resgate de Animais em Desastre (Grad) resgatou 82 animais desde domingo, 19. O trabalho é realizado em parceria com o Instituto Felipe Becari, que abriga 29 animais, entre cães e gatos. Aves, porcos, cobras e muitos filhotes foram salvos, conforme relata a veterinária Jade Petronilho, que também é coordenadora de conteúdo em uma empresa do ramo pet. “Alguns filhotes estavam bem desidratados. Poucos animais sofreram lesões graves”, disse em conversa com o site da Jovem Pan. “A situação está caótica. Vários animais perderam seus tutores e alguns ainda estão desaparecidos”, relata. A última atualização do Governo de São Paulo aponta 50 mortos em decorrência do temporal, sendo 49 em São Sebastião e um em Ubatuba. Até o momento, 38 corpos foram identificados.
Jade conta que um cachorro foi encontrado com coluna exposta e precisou de socorro imediato e foi atendidos por profissionais da região. Um outro cachorro, idoso, está sob os cuidados do instituto. Segundo a profissional, ele tem um tutor, mas ainda precisa de cuidados. Todos os animais passaram por uma triagem, para saber se tinham ou não tutores. Os pets passam por uma série de exames, são vacinados e castrados. Os que não possuírem tutores são encaminhados para a adoção. “Muito triste pensar no trauma que isso gera para eles. De repente você se vê no meio da lama, sem saber onde estão seus donos. Precisamos levar em conta que os animais também ficam tristes”, disse a veterinária. A profissional conta que um cão da raça pitbull foi adotado há dois meses por um casal, que morreu na tragédia do litoral norte de São Paulo. Sem uma família, o cão voltou para o instituto. “O mesmo estresse que isso nos causa, também afeta eles. Uma situação complicada que precisa ser levado em conta”, resume. Mas, felizmente, nem sempre o final é triste. Uma cachorra chamada Belinha foi resgatada por moradores locais e foi levada para uma quadra na Barra do Sahy, em São Sebastião. Ela estava em um ônibus, dentro de uma caixa de transporte, indo para a capital paulista junto com outros animais. O dono chegou no local dizendo que sua cadela estava ali e chamou por seu nome. “Ela começou a debater dentro da caixa quando escutou a voz dele. Foi muito emocionante”, conta Jade. Ela seguiu para São Paulo e voltará aos cuidados da família dentro de 15 dias.
Segundo o Grad, 40 cães e 22 gatos foram resgatados na área do desastres. Dois cães e dois gatos estão internados em uma clínica veterinária. Além disso, quatro gansos, seis patos, uma porca e 21 sapos foram realocados. Em Boiçucanga, um dos locais mais atingidos pelo temporal, 20 animais receberam auxílio do grupo. Quatro foram resgatados. O deputado estadual Rafael Saraiva também esteve no local e conversou com o site da Jovem Pan. Segundo ele, mais animais devem chegar no instituto nesta sexta-feira, 24. Ele descreveu a situação como um “cenário de guerra” e se surpreendeu aos ver as condições físicas dos resgatados. “Eles não estão com debilidade física. Claro que estão assustados. Exames apontam desnutrição, mas nada impactante. Eles precisam de cuidados, ficarão em observação e dentro de um mês serão devolvidos. Tivemos casos pontuais e outros que foram encontrados sem vida. Em alguns terrenos, a lama chegava acima do joelho”, relatou. Todos os animais serão divulgados nas redes sociais para que os tutores possam buscá-los. Os demais serão levados para adoção. A previsão é de que mais 20 animais cheguem ao instituto, entre cães, gatos e aves.
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