O caso de uma cachorra da raça Golden Retriever, que engravidou e pariu nove filhotes de um cão Shih Tzu, em Santa Catarina, segue viralizando na internet, após a divulgação do caso pela tutora da cachorra, que criou expectativas sobre a paternidade dos nove filhotes que nasceram no fim de setembro.
Tudo começou quando a família tutora da Nina (cachorra Golden) precisou fazer uma viagem de férias. A mascote da família, que já contava com outros dois cães, foi deixada com uma cuidadora, que não percebeu que a Nina estava no cio.
No fim de semana da viagem em família, Nina ficou hospedada em um hotel de cachorros, em Joinville. Foi lá onde aconteceu o “date” que culminou na gravidez da Golden Retriever e na “paternidade” do Shih Tzu. Veja imagens dos filhotes.
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Uma cachorra da raça Golden Retriever engravidou e pariu nove filhotes de um cão Shih Tzu, em Santa Catarina • Reprodução
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Nas redes sociais, a tutora de Nina publicou creditando a paternidade dos filhotes a Thor (Shih Tzu), de acordo com a pelagem do animal. Entretanto, embora o método seja comumente utilizado para determinar as genéticas de cães, a estratégia visual não é 100% confiável.
Em uma postagem, Márcia Tasca, tutora da Golden, divulgou uma série de imagens de outros “possíveis pais” dos filhotes. Um deles chamou a atenção por apresentar características bastante semelhantes com um dos filhotes. O questionamento sobre a paternidade de Thor sobre todos os cães, então, passou a ser discutida. Veja a imagem.
Super fecundação canina
A questão sobre a paternidade, neste caso do cruzamento entre Nina e Thor, envolve a capacidade da Golden engravidar de mais de um macho. Para responder essa questão, a CNN conversou com a especialista em reprodução canina, Fernanda Regazzi, que respondeu diretamente sobre essa possibilidade.
“Ela pode engravidar de mais de um cão. E sim, se ela for coberta por mais de um animal, o fenômeno é bastante comum”, afirma a especialista em reprodução canina.
Para explicar este fenômeno, é preciso entender como que funciona a ovulação da cadela. Durante o cio, ela tem um ciclo de até 16 dias, mais ou menos, em média. A primeira fase do cio não é fértil, e dura em média 7 dias. A segunda fase do cio é fértil, e dura em média 9 dias.
“Nessa segunda fase do cio, é quando ela aceita o macho. Só que dentro desses 9 dias, ela permanece ovulando por 36 horas, mais ou menos. Nesse período de 36 horas dentro do cio, os óvulos vão sendo liberados na região da tuba uterina. Se essa cadela já foi coberta, porque ela já está receptiva por um, dois, três cães, vai ter espermatozoide dos três cães, aguardando para serem fecundados”, detalha a especialista.
A partir do momento vão chegando na tuba uterina, eles vão maturando e sendo fertilizados por esses espermatozoides. Independentemente da raça dos cães. Então, se ela foi coberta e ovulou, serão fertilizados por esses espermatozoides desses diferentes cães. Então, sim, é possível ter uma gestação de diferentes cães.
“A mesma coisa acontece, por exemplo, vamos pensar que agora ela ovulou, só que ela não tinha sido coberta ainda, e foi coberta por um macho após a ovulação, eles também vão caminhar até a região da tuba uterina” explica Regazzi sobre as possibilidades do fenômeno acontecer antes ou depois da ovulação.
Teste de DNA canino
De acordo com a especialista, a pelagem é um indicador, mas ela não basta para dizer quem é o pai. A avaliação por pelos dos animais funciona parcialmente quando animais da mesma raça fazem o cruzamento, e daquela pelagem não tem como resultar em uma outra determinada pelagem.
“A gente não tem como bater o martelo que só com uma pelagem é daquele determinado pai, mas sim é um forte indicador”, pondera.
O exame de DNA é extremamente simples, tanto a coleta do material biológico, que é a saliva, como o exame. O resultado ele sai em até 15 dias da coleta, normalmente. E diferente do humano, que é bastante caro, no cão ele tem um valor bastante acessível.
“Ele passa aí por uma média de R$ 150, R$ 200, só o teste de DNA. (…) Com uma exatidão dos resultados acima de 99%, que é o que os geneticistas abordam”, explica Fernanda.
O teste de DNA canino não é considerado frequente, mas é utilizado em alguns casos envolvendo a dúvida sobre a paternidade, e também no mapeamento genético de filhotes.
“Eu não diria com frequência, mas em algumas situações específicas, sim, ele é utilizado. (…) É bastante usual entre criadores, de canis, eles fazem isso, aproveitam um cio para fazer a cruza com dois machos e, no momento do nascimento, eles fazem o teste de paternidade para saber quem é o pai de cada um dos filhotes. Então isso é relativamente frequente para criador”, explica Fernanda.
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