Ornitorrinco brilha no escuro: entenda o fenômeno


Além das caudas semelhantes às de castores, bicos que parecem de patos e o fato de serem um dos poucos mamíferos que botam ovos, cientistas descobriram que os ornitorrincos brilham no escuro.

De acordo com um estudo publicado na revista científica Mammalia, o ornitorrinco fica com o pelo fluorescente, ou seja, brilha em tom azul-esverdeado ou ciano quando iluminado por luz ultravioleta (UV). 

A cada novidade os ornitorrincos seguem mantendo a sua reputação como um dos animais mais incríveis do mundo, não é mesmo? A seguir, saiba o que a ciência diz sobre esse fenômeno. Entenda!

Estudo revela que os ornitorrincos são biofluorescentes

Os ornitorrincos brilham por causa de um fenômeno chamado biofluorescência, que é a absorção e reemissão de luz. 

Em outras palavras, os organismos desses animais têm proteínas incorporadas na pele ou em outros tecidos que absorvem a energia da luz e a reemite com uma cor diferente. 

No caso dos ornitorrincos, eles absorvem comprimentos de onda ultravioletas de 200 a 400 nanômetros. Em seguida, são capazes de emitir entre 500 e 600 nanômetros de luz visível.

Reprodução/Foto: Composite courtesy of Jonathan Martin/Northland College; from Anich et al. 2020

Como o espectro visível ao olho humano é de 400 a 700 nanômetros, nós conseguimos  absorver essa faixa de luz quando é reemitida pelo ornitorrinco. Por exemplo, existem alguns objetos criados pelo homem que contêm esses pigmentos, capazes de replicar a fluorescência, como as camisetas brancas.

Ornitorrincos brilham na luz negra e não se sabe o porquê!

Ainda não se sabe ao certo por que os ornitorrincos brilham. Alguns pesquisadores especulam que a característica sirva como uma camuflagem contra predadores. Porém, a teoria não foi comprovada ou estudada com clareza.

Assim, os cientistas acreditam que esta característica não tem uma função específica, mesmo que a fluorescência seja uma propriedade natural dos ornitorrincos.

Fazendo um breve paralelo, a fluorescência é diferente da bioluminescência, que é quando animais como os vaga-lumes geram sua própria luz através de uma reação química.

No caso da bioluminescência, o propósito é claro. Por exemplo, algumas espécies de peixes utilizam a característica para atrair presas e a se encontrarem nas profundezas, como os peixes-lanterna da família Myctophidae. 

Como foi realizada a descoberta?

A pesquisa foi realizada por um grupo de colegas, liderado pela bióloga Paula Spaeth Anich. A mesma equipe, em 2019, foi responsável por descobriram que os esquilos-voadores fluorescem sob luz UV, emitindo um brilho rosa nos pelos das suas barrigas. 

Pouco tempo depois, a bióloga e seus colegas foram ao Museu Field de História Natural em Chicago, para continuar os estudos com esquilos-voadores. E, por curiosidade, eles fizeram um teste com um ornitorrinco armazenado lá.

Com o resultado, a equipe ampliou os estudos e examinaram três espécimes de ornitorrinco (Ornithorhynchus anatinus). Na pesquisa ficou validados que todos emitem o mesmo brilho verde e ciano sob luz UV.

A descoberta foi corroborada por um caso que aconteceu na Austrália, quando outro artigo de pesquisa registrou que um ornitorrinco que havia acabado de morrer – atropelado na estrada – brilhava sob uma luz negra, que irradia luz ultravioleta.

Existem outros animais que brilham no escuro?

Com a descoberta se abriu um leque de possibilidades para outras espécies que apresentem tais características biofluorescência.

Porém, as pesquisas sobre animais fluorescentes vem de muito antes, promovendo inúmeros e grandiosas descobertas. 

Por exemplo, na categoria mamíferos, além do ornitorrinco e esquilo-voador, estudos realizados na década de 80 destacam que os gambás-da-virgínia (Didelphis virginiana) também apresentam um pele biofluorescentes.

Vale ressaltar que o ornitorrinco é o único mamífero monotremata – aqueles que botam ovos – fluorescente na natureza. 

Já em 2015, o fenômeno luminoso foi observado pela primeira vez em répteis, registrado foi das tartarugas-de-pente (Eretmochelys imbricata) nas Ilhas Salomão.

Ornitorrinco (Ornithorhynchus anatinus)

Assim como em 2017, o mundo também conheceu a característica do brilhar verde da rã Hypsiboas punctatus, o primeiro anfíbio biofluorescente conhecido.

De modo geral, o que se sabe é que existem cerca de 200 espécies de peixes, tartarugas marinhas, escorpiões, mamíferos, anfíbios, entre outras espécies que brilham sob a luz ultravioleta. 

Gostou de conhecer mais essa curiosidade do mundo animal? Se quiser saber mais, continue a visita no Blog da Cobasi. Uma boa dica é ver os webstories que preparamos com 7 fatos interessantes sobre ornitorrincos. Até a próxima!





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