Investigação da CNN mostra como Javier Milei clonou o cachorro Conan


Antes de chegar à presidência da Argentina, Javier Milei clonou em 2018 seu mastim inglês Conan e obteve cinco filhotes, segundo disseram para a CNN as duas empresas especializadas dos Estados Unidos que participaram do procedimento.

Apesar de os porta-vozes do presidente não terem respondido à pergunta da CNN sobre esta versão, a história dos cachorros clonados de Milei é um dos assuntos mais comentados no país sul-americano. Entre rumores e ambiguidades, os cachorros de Milei, batizados pelo próprio dono como seus “filhos de quatro patas”, transformaram-se em um assunto de interesse nacional.

Mas agora existe a confirmação do procedimento. E esta é a história.

“Começamos a clonar cachorros só em 2016. Éramos relativamente novos nisso e estávamos tentando fazer da melhor maneira. Então de alguma forma, nos excedemos e obtivemos cinco cachorros. Por sorte, Milei ficou contente”, lembra Codi Lamb, representante de clientes da ViaGen Pets, a empresa responsável pela clonagem de Conan.

Milei nunca confirmou nem desmentiu em público que os animais são clonados.

Uma origem literária

Os cachorros se chamam Conan, Murray, Milton, Robert e Lucas.

O primeiro deve seu nome à série literária de Robert E. Howard “Conan, o bárbaro”. Os últimos quatro, batizados em homenagem a economistas admirados por Milei: Murray Rothbard, Milton Friedman e Robert Lucas.

Os cães são produto de um trabalho conjunto entre o PerPETuate, laboratório de preservação genética de bichos de estimação nos Estados Unidos que preservou as células de Conan, e a ViaGen Pets, companhia que trabalhou no processo de clonagem, segundo estas empresas confirmaram para a CNN.

A extração de células para a preservação e posterior clonagem requer que o animal esteja vivo no momento da coleta de tecido. Milei entrou em contato com a PerPETuate em 2014 e enviou tecido do seu cachorro, lembra Ron Gillespie, fundador da companhia. “Conan estava vivo naquele momento. E pelo que lembro, viveu mais dois anos depois de 2014, até morrer. Mas durante esse tempo mantivemos as células vivas”, detalha Gillespie.

Foi em 2017 – quando, segundo Gillespie, Conan já tinha morrido, o que Milei nunca reconheceu publicamente – que o hoje presidente decidiu fazer a clonagem. Nesse momento, o fundador de PerPETuate entrou em contato com a ViaGen Pets, empresa dos Estados Unidos que clona bichos de estimação. Aí começou o processo que derivaria nos cinco mastins ingleses.

Depois de dois meses de gravidez de uma mãe substituta e mais dois sob os cuidados da ViaGen Pets, os cachorros finalmente foram enviados para a Argentina, o que implicou um enorme desafio por sua quantidade e tamanho. “Depois de dois meses, já estavam pesando vários quilos, e por isso Milei estava em uma situação em que não podia levar os cinco cachorros em um avião. Esse foi um dos maiores desafios que ele teve para levá-los a Buenos Aires”, lembra Gillespie.

O economista Diego Giacomini, que foi amigo de Javier Milei, contou em uma entrevista ao canal de televisão C5N que ele recebeu os cinco cachorros, junto com o hoje presidente, na sua então moradia no bairro de Abasto, na capital argentina, e que tirou a primeira foto deles juntos.

De um Conan pro outro: cópias geneticamente idênticas

“São geneticamente iguais, como irmãos gêmeos”, diz Lamb, da ViaGen Pets, sobre os cinco clones.

Milei colocou o nome de Conan em um dos filhotes que atuava da mesma maneira que o mastim original, lembra Gillespie. “Ele (Milei) o chamava: “Conan, Conan”, e este cachorro respondia ao chamado. Também tinha um certo comportamento. Ele gostava de ver televisão como o outro Conan, enquanto os outros cachorros não”.

Uma fonte próxima de Milei nessa época disse à CNN que Conan morreu em 2017 e que um dos mastins clonados foi batizado depois pelo presidente com o mesmo nome.

No mesmo ano da clonagem, 2018, o agora presidente apresentou seus cachorros à sociedade em um programa da rede argentina América TV. Levou todos, menos Conan, e se referiu aos quatro presentes como seus “netinhos”, os filhos de Conan. Pediu desculpas de não apresentá-lo no programa porque o cachorro “socializa com pouca gente”.

O que não ficou claro naquele momento é a qual Conan Milei se referia: se ao cachorro do qual foram extraídos tecido e células que logo permitiram a clonagem – aquele que uma fonte próxima reconhece para a CNN que faleceu em 2017 – ou o Conan clonado, nascido ao mesmo tempo que os outro quatro que estavam no set de televisão.

O mistério sobre o destino deste Conan provocou inclusive que no final de abril a imprensa perguntasse ao porta-voz oficial, Manuel Adorni, sobre a quantidade de cachorros que o Milei tem. Adorni admitiu naquele momento que se sentia “desconcertado” pelo interesse midiático e se limitou a afirmar, para encerrar o tema: “Se o presidente diz que tem cinco cachorros, tem cinco cachorros”.

De fato, na entrevista que Milei concedeu há um mês para a CNN, o jornalista Andrés Oppenheimer mencionou que o presidente tinha quatro cachorros. Milei o corrigiu imediatamente: “São cinco”.

Ron Gillespie, que diz ter contato com o chefe de Estado pelo menos uma vez por ano para saber como os cachorros estão e se ele quer continuar conservando as células do Conan, afirma que na última vez que conversaram, antes das eleições gerais da Argentina, os cinco mastins estavam vivos.

As células de Conan se encontram armazenadas em um congelador em Massachussets, nos Estados Unidos, segundo Gillespie. À disposição do presidente para poder clonar seu cachorro quantas vezes quiser.



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